Animais abandonados em Manguinhos

Por Marcella de Fátima e Nicole Leão

É bem difícil caminhar pelas ruas de Manguinhos sem cruzar com eles. Abandonados pelas ruas, muitas vezes estão em situação precária de saúde, buscam no lixo o que comer e, carentes, pedem carinho para quem está passando. Alguns têm mais sorte: mesmo não tendo um(a) dono(a) ou tutor(a), recebem atenção de alguns moradores, que oferecem água, alimento e, em alguns casos, até cuidados de saúde.

A vacinação é fundamental para proteger os animais de doenças que são um risco para a saúde pública e podem ser fatais. A raiva não é notificada no Rio de Janeiro desde 1995, mesmo assim a vacina anti-rábica deve ser aplicada em cães e gatos uma vez por ano. A Prefeitura realiza campanhas anuais de vacinação (na Zona Norte, ela ocorreu em setembro), mas é possível vacinar no recém reformado Hospital Veterinário Jorge Vaitsman (antigo CJV), na Mangueira, durante o ano todo. A partir das 6 semanas de vida, filhotes também devem tomar as três doses iniciais das vacinas polivalentes (V8 ou V10, para cães, e V3 ou V4, para gatos), que protegem contra diversas doenças, e devem ser reforçadas anualmente. Antes de vacinar, o ideal é que o animal seja vermifugado contra vermes e parasitas, como pulgas e carrapatos.

Sempre que possível, você pode oferecer esses cuidados aos animais de rua, mesmo que não seja responsável por eles. E há locais perto de Manguinhos onde você pode ir.

Entre Manguinhos e Jacaré, fica a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA), que realiza consultas, cirurgias e exames a preços populares. Já a unidade do Programa Bicho Rio da Prefeitura, em Bonsucesso, faz consultas gratuitas.

Muitas pessoas preferem comprar do que adotar animais, porque querem escolher filhotes ou uma raça específica. Porém, a psicóloga do Serviço de Psicologia no Centro de Saúde Escola (CSEGSF) da Fiocruz, Dolores Motta, alerta que o mercado de venda de animais muitas vezes é cruel, baseado em uma rede de exploração. Fora isso, os custos podem ir além do valor da compra: “Animais de raça podem demandar cuidados mais específicos, como tosas ou limpezas frequentes, prevenção de problemas articulares e por aí vai”.

Ao escolher adotar em vez de comprar, além de economizar, você contribui no combate à exploração animal, na redução da superpopulação de rua e ainda salva uma vida, já que há milhares de animais em abrigos e ONGs  à espera de uma nova família. Com certeza um deles (pelo menos!) se encaixa no seu estilo de vida e pode mudar sua vida pra melhor. “O animal traz companhia, demonstra alegria quando você chega em casa, e afeto e sentimento não é algo que a gente compra. Animal não é mercadoria”, afirma Dolores.

Há vários caminhos para se adotar um(a) amiguinho(a). O programa Adote um Focinho Carente, da SUIPA, é um deles.  Por mês, a organização, que se mantem a partir de doações, sem o apoio de dinheiro público, acolhe cerca de 20 a 30 animais abandonados ou perdidos – número bem maior que o de adoções. Para adotar, basta se dirigir à sede da SUIPA (portando originais e uma cópia do CPF, identidade e comprovante de residência) ou entrar em contato com o setor de adoção, pelo telefone (21) 3297-8775, ou Whatsapp (21) 98458-6653. Também é possível adotar pela Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) do Rio de Janeiro, por meio do Instagram @smpdarj ou Whatsapp (21) 97733-0193.

Pessoas de todas as idades podem ser beneficiadas com a presença de um bichano em suas vidas. “Um animal permite que a gente estabeleça relações, conexões, construa um vínculo, e essa troca de afetividade proporciona bem-estar para ambos”, diz Dolores. Os animais também podem tornar nosso dia a dia melhor e mais ativo. “Como o animal precisa de brincadeira e passeio, ajuda a praticar atividade física, reduzir tempo de tela e organizar uma rotina, já que precisam de horários para se alimentar, por exemplo”, completa.

A melhor maneira de controlar o crescimento da população de animais de rua é com a castração, oferecida de graça pela Prefeitura. O agendamento ocorre em datas fixas, uma vez por mês – as próximas são 25/10 (sexta) e 26/11 (terça), coloque na agenda! Nestes dias, basta ir presencialmente, das 8h às 15h, ao Minicentro de Castração de Bonsucesso, portando originais e uma cópia do CPF, identidade e comprovante de residência (não é preciso levar o animal). O agendamento também pode ser on-line, no mesmo dia e horário, pelo site https://saa.rio.rj.gov.br/pessoapublico/index.

A SUIPA também realiza a cirurgia de castração em animais com mais de 6 meses, mediante agendamento, com valores que variam de R$ 120 a R$ 200, a depender do tamanho do animal.